O atacante de 17 anos desanuviou o clima pesado que cercava a seleção brasileira, sem Neymar e com péssimos resultados contra Venezuela e Uruguai. A expectativa é que Diniz ‘deixe’ Endrick atuar com Rodrygo e Vini Jr.

Endrick sempre se destacou também nas seleções de base. Conhece ‘bem’ o ambiente da seleção
CBF

Endrick já foi um dos maiores acertos de Fernando Diniz como técnico da seleção brasileira.

Bastaram a convocação e a apresentação do garoto de 17 anos para os jogos contra a Colômbia e a Argentina para que dois enormes problemas fossem esquecidos: a cirurgia de Neymar, com sua ausência cada vez mais certa na Copa América de 2024, e os vexames contra a Venezuela e o Uruguai.

O menino de R$ 400 milhões desviou completamente o foco durante sua apresentação na Granja Comary, local que frequentou com seleções brasileiras de base.


“Fazia tempo que eu não voltava aqui [na Granja Comary]. Isso aqui vai ser muito especial para mim. Espero ajudar a seleção. Agradeço a todos os envolvidos que estiveram comigo ao longo da carreira, agradeço a Deus e vou desfrutar bastante com meus companheiros, tirar proveito desta seleção.”

A grande expectativa é saber se Fernando Diniz, que é visto por muitos como um revolucionário no futebol brasileiro, terá coragem suficiente. Para, pelo menos em alguns minutos, colocar o ataque que tem muita chance de atuar no Real Madrid e até na Copa do Mundo dos Estados Unidos: Rodrygo, Endrick e Vinicius Júnior.

São jogadores muito talentosos e diferenciados.

“Não vão faltar entrega, alegria e felicidade. Espero poder trazer felicidade para vocês. Que a gente consiga a vitória nos dois confrontos para ajudar a seleção a estar na próxima Copa do Mundo”, disse o atacante que o Palmeiras entregará ao Real Madrid em julho de 2024.

Endrick tem um estafe com 12 pessoas, que inclui coach, assessor de imprensa, preparador físico, nutricionista. Tudo o que vai fazer, como falar, como agir, tudo é estudado antecipadamente.

E uma das indicações óbvias é evitar comparações com Pelé, o melhor jogador de todos os tempos.

“Às vezes me pergunto: por que colocaram tanta mídia em mim? Eu não pedi isso. Tem situações que passam dos limites: ‘Ah, ele é o novo Pelé’.

“Cara, ninguém vai ser o Pelé, ele é o rei do futebol.”

As frases ditas para a revista GQ Brasil resumem o que pensa sobre a situação.

O fato de ter 17 anos e ser o quarto atleta mais jovem da história a ser chamado para vestir a camisa da seleção brasileira mexe com o imaginário de boa parte da mídia. Essa empolgação com um jogador que ainda atua no país anima o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que viu com bons olhos a convocação do jovem artilheiro palmeirense.

Um fator que aumenta a esperança de Endrick atuar com Rodrygo e Vinicius Júnior, sonho dos três, está na contusão de Gabriel Jesus. A direção do Arsenal se mostrou muito irritada com a confirmação da convocação do atacante, que tem um estiramento na coxa direita.

Há até grande chance de Gabriel Jesus nem sequer viajar para Barranquilla, onde o Brasil enfrentará a Colômbia, nesta quinta-feira. E ficar reservado para o confronto com a Argentina, no dia 21.

Aí a chance de Endrick entrar em campo diante dos colombianos aumenta muito.

A pressão ele já sabia ser grande quando foi anunciada sua convocação, no dia 6.

“Existe, sim, uma pressão em cima de mim, mas eu tento não ligar para isso. Só penso em coisas positivas para seguir feliz. Estou com a cabeça no lugar, fazendo as coisas certas, e só tenho de agradecer a Deus, à minha família e a todos os meus companheiros.

“Quando eu não estava bem, eles estavam do meu lado. Queria agradecer especialmente ao Murilo e ao Veiga, que nunca me deixaram só. São pessoas incríveis na minha vida e que me ajudaram em todas as minhas fases no Palmeiras.”

Confiança da comissão técnica da seleção no seu futebol não falta.

“Endrick é um jogador que tem potencial para ser um daqueles grandes talentos. A gente não sabe se vai se confirmar ou não. A convocação não é uma pressão, é um prêmio, e também uma visão de futuro do que esse garoto pode ser”, avalia Fernando Diniz.

O “futuro” só depende da coragem de Diniz.

Para o Brasil ter o orgulho de voltar a depositar esperança em um jogador de 17 anos.

E se preparar para se livrar de sua dependência de Neymar…

R7