Equipes de resgate em Beirute fazem escavações em escombros nesta sexta-feira (4), após detectarem uma indicação de sinais de vida 30 dias depois da grande explosão que destruiu parte da cidade.
As equipes de busca concentram esforços na área de Mar Mikhael, um bairro próximo ao epicentro da explosão do mês passado, depois que equipes de resgate detectaram movimento em meio aos destroços. O trabalho se iniciou na quinta-feira e foi intensificado nesta sexta.
Os socorristas trabalharam sob holofotes em condições úmidas de verão para remover partes de uma parede com um guindaste, enquanto uma multidão inquieta aguarda ansiosa por atualizações.
A busca foi iniciada por um cão de resgate que passou pelo prédio destruído com uma equipe de resgate chilena na quinta-feira e indicava sinais de vida, disse Eddy Bitar, trabalhador de uma organização não governamental local.
A imagem térmica posteriormente mostrou dois corpos – um pequeno corpo enrolado ao lado de um corpo maior. Um dispositivo de escuta também registrou um ciclo respiratório de 18 por minuto, disse Bitar.
“Há uma pequena chance de que a pessoa ainda esteja viva”, disse Bitar.
As equipes de resgate estão cavando túneis em meio a escombros de concreto para chegar ao local do possível sobrevivente. Francisco Lermanda, trabalhador de uma ONG chilena de busca e resgate estava cauteloso com a perspectiva de encontrar alguém com vida depois de tantos dias sob os escombros. Mas ele não descartou.
Uma pessoa sobreviveu 28 dias sob os escombros após o terremoto do Haiti, acrescentou ele.
Tensão no local
A busca de quinta-feira foi temporariamente suspensa devido a temores de que um muro pudesse desabar e colocar em risco as vidas da equipe de resgate, disse o oficial da brigada de incêndio de Beirute, Tenente Michel El-Mur. Depois que a busca foi suspensa na noite de quinta, no horário local, um protesto de cerca de 100 pessoas irrompeu em frente aos escombros.
“Esse suspiro é nosso último suspiro. É nossa última esperança. Vocês todos deveriam ter vergonha”, gritou a manifestante Melissa Atallah. Uma mulher foi ouvida dizendo: “estamos aqui há um mês, você não pode ficar acordado uma noite?”
Uma mulher disse que encomendou um guindaste, enquanto outros manifestantes escalaram os destroços oferecendo-se para procurar o corpo.
A tensão continuou a crescer até que os soldados disseram aos manifestantes que a equipe e seu equipamento voltariam ao local em breve.
Várias pessoas com quem a CNN conversou disseram que um cheiro forte e pútrido emanou do prédio destruído após a explosão. Uma mulher afirma ter alertado repetidamente as autoridades sobre o assunto e pediu que fizessem uma busca localizada.
“Duas semanas atrás, estávamos protestando aqui e sentimos o cheiro do que parecia ser ‘sangue velho'”, disse Reine Abbas. “Se eles tivessem verificado naquela época, então o corpo provavelmente estaria vivo hoje.”
“Mas este é o Líbano.”
CNN BRASIL